Este post não é sobre mim e nem sobre R.A. Queria eu escrever aqui um texto alegre, contando das minhas aventuras para evitar o exagero e me manter uma pessoa saudável. Hoje, este post é sobre o meu pai.
Meu pai tem 57 anos, irá completar 58 dia 13 de novembro. Destes quase 58 anos, são 45 anos fumando. Nunca vi meu pai se preocupar com sua saúde. Por diversas vezes vi meu pai doente e ele simplesmente ignorava a situação e esperava o que quer que fosse passar.
Desde que me entendo por gente, nunca vi meu pai ter uma alimentação saudável ou praticar exercícios físicos. As memórias vivas que tenho do meu pai são dele fumando, bebendo cerveja sentado no sofá e tossindo muito, desde sempre.
Em março deste ano meu pai ficou rouco, sem um motivo aparente. Mais uma vez, em sua relutância em procurar um médico, julgou ser culpa do ar condicionado muito forte do trabalho e o calor excessivo do lado de fora. O tempo passou, a voz foi sumindo cada vez mais, até que ele passou a sussurrar.
Neste meio tempo, ele parou de beber, mas o cigarro continuou presente, cerca de 2 maços ou mais por dia, daqueles mais baratos e fortes que se vende no mercado. Além do sussurro, agora ele também passou a sentir dificuldades para comer e começou a perder peso consideravelmente.
Ele emagreceu e foi ficando cada vez mais debilitado. Em 4 meses, aquele cara que trabalhava em 3 empregos diferentes, passou a sentir dores na perna, na coluna, dificuldades para urinar, comer, respirar e andar. Sua vida se resumiu a ir do sofá para cama e da cama para o sofá, apoiado em uma bengala e nas paredes, sempre com muitas dificuldades para caminhar ou para fazer qualquer coisa simples. Ele já caiu diversas vezes em casa, por não conseguir mover nenhuma das pernas.
Depois de muita insistência da família, ele foi ao médico e a bateria de exames começou. Apesar de toda a dificuldade, ele continuou amigo do cigarro, sem companheiro de 99% das horas, só não fumava enquanto dormia.
Ontem, após levar o resultado de uma tomografia (e diversos outros exames) o que já era esperando, foi confirmado: meu pai está com câncer. Nós já esperávamos por isso, mas o que nos deixou mais atordoados, foi saber que não há só um tumor, mas vários, dois já localizados e a suspeita de que existam outros, inclusive no cérebro.
Sempre critiquei meu pai por fumar e sobre acabar com sua vida aos poucos, avisando diversas vezes que isso poderia trazer conseqüências muito ruins, mas as pessoas só acreditam quando acontece com elas, não é?
Meu pai procurou isso a vida toda e agora está definhando aos poucos. É muito triste vê-lo deste modo, sem poder ajudar, sem poder voltar no tempo. As pessoas se tornam eternamente responsável por aquilo que cativam e essa doença foi o que ele cativou a vida toda.
Não sabemos se os tumores são malignos ou benignos, mas as premissas não são nada boas e os médicos já nos avisaram disso. Há poucas esperanças e pouco o que fazer, só nos resta aguardar e torcer para que, seja da forma que for, ele não sofra muito. Hoje ele será internado para fazer biópsia e receber tratamento 24h por pessoas preparadas para isso.
Não desejo que ninguém passe pelo que eu e minha família estamos passando. Se você fuma ou conhece alguém que fume, que você ame de todo coração, conte essa história, passe isso adiante! O próximo pode ser você ou esta pessoa que você tanto ama.
Peço desculpas pelo assunto, mas quero muito que todos saibam o quanto é triste passar por uma situação destas, para que façam o possível para evitá-la.
Não estou pensando na minha reeducação no momento e acabei comendo esse problema. Vou ficar uns dias longe do blog porque estou tentando ajudar minha mãe.
Fiquem bem! Eu volto!
Beijos a todas!